domingo, 25 de dezembro de 2011

_Oi... Tudo bem contigo?
_Diga logo o que você quer.
_Nossa, só queria saber como você está.
_Então me procure quando quiser algo.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Saio para a varanda. Uma boa tragada num cigarro barato.
_Isso vai acabar te matando. - Ela diz.
_Não rápido o suficiente.
_Vem pra cama.
_... - a deixo sem resposta.
_Vem pra dentro, tá frio.
_Eu gosto do frio.
Ela se levanta e chega na porta.
_me diz ao menos o que você tem...
_Eu até gostaria mas você não iria entender.
_você nem ao menos tentou...
_Certas coisas não se precisa tentar para se saber. Imagine que eu me dê um tiro na cabeça, mirando bem no cérebro. - faço uma arma com a mão e aponto para a lateral da minha cabeça - Pow! Eu morreria, não acha?
_Eu te odeio! - ela grita e vai correndo para o banheiro.
_Não mais do que você me ama. - ela ainda me ouve dizer antes de bater a porta.
Ela não viu como a lua estava tão linda e cheia.
Ela não viu a tristeza pétrea em meus olhos.
Ela não viu que eu estava no meu roupão favorito.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Vez ou outra, me rendo e durmo. Quem sabe eu não² acorde no dia seguinte.
Na casa de meus pais, espero a madrugada e desço furtivamente. Vou até a geladeira. Pego um vinho qualquer. Santa, se tiver. Levo pra sala comigo e ficamos num desagradável silêncio todas as horas da noite
até ela ficar vazia disso.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

As palavras então não veem mais graça em mim
fogem de um jeito que nunca fizeram.
Que amargo, que amargo
Bebo agora por hábito
elas se aproximam mas não as reconheço
meus óculos estão longe e minha sobriedade mais além
isso não muda as coisas de forma alguma, não muda nada
só arrumo uma desculpa pra minha falta de sanidade.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sempre achava idiota aqueles homens que satisfaziam suas mulheres e saíam para a varanda com um charuto. Fumavam olhando a chuva, com a mão no bolso ou debruçados na beirada. Ficavam lá. Eu imaginava o que ficavam pensando. Mas agora que eu sei, sei também que ficaria lá, com um charuto. Fumando olhando a chuva, com a mão no bolso ou debruçado na beirada.
E antes vinham me dizer o que fazer.
Ousadia tola, sempre pensei, os ignorava e fazia o que bem entendia.
Agora, ousam mais. Abusam!
Vem me dizer o que faço. O que estou fazendo.
Vem me contar o meu modo de viver e de ver as coisas.
Vem me dizer como sou e como era.
Ah, ahá, haha. Faça-me
um grande favor
e vá se foder.

domingo, 11 de dezembro de 2011

O absurdo do que dizes faz-me gargalhar.
E de tão cheio disso, quase vomito.
A lógica que falta em suas tentativas de bem falar.
Desgraçado como sempre, rio.

Seu papinho me enjoa
mas não consigo parar de rir
e ter pena de ti.

Sacana divino destino,
por desvio não chamas o que devem ser.
Diga me, diga me, diga me, que contradigo
-me mais por vezes do que deveria ser.
Admira-me, espanta-me, que realmente penses assim.
Esconde a cara na capa de certeza que insistes em ter.

Arrependo-me amargamente de bêbado não estar mais
de não estar mais bêbado
E nesse tempo que contigo perdi
a chuva foi-se, esgotou-se, ou
encheu-se.
Não fui ao banheiro.
Não saí na chuva.
Não cheguei a abrir

a janela.
Os últimos meses me pareceram um sonho fodido. Frequentes os dias bêbados, frequentes as noites sem sono, frequentes as tremedeiras na mão... Porra, minhas mãos tremem. Isso me irrita. Escrever bêbado não presta. Pensar sóbrio menos ainda. Durmo sentado numa cadeira. Deito-me na cama para olhar o teto. Levanto-me torto, arrastando até a geladeira. Só não tem o que não comprei.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Então

eu deixo essa moeda
de
dez centavos
no banheiro
e fico mais rico
cada vez
que vou ao banheiro

cagar
Em jogos e bebidas
não há nenhum divertimento
apenas
apodreço,
deixo-me apodrecer.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Outro dia me lembrei dessa menina do colégio, ela gostava de umas coisas que acabei por descobrir serem legais, falava de um jeito engraçado, tinha várias cicatrizes e ela era bonita. Sempre quis despi-la, a ver nua, tocar suas cicatrizes, deixá-la pelada e satisfeita enquanto buscava algo na geladeira. Mas ela andava com pessoas idiotas e acabou ficando idiota. Uma lástima.

domingo, 4 de dezembro de 2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Era o turno dele, esticou a mão pra mim e me ajudou a subir. "Só mais essa vez e acho que já dá." - falei.
Ele pulou no buraco e continuou a cavar. "Acho que um buraco tão fundo assim é exagero" - reclamou.
"Melhor prevenir que remediar" - eu sempre usava esse tipo de frase pra me livrar de discussões idiotas. Respiro fundo e olho ao redor, uma tarde tranquila naquelas montanhas afastadas, um ótimo dia para se livrar de alguns corpos inconvenientes. "Pronto."- falou alto e aliviado, com a respiração entrecortada. Entregou-me a pá e esperou com a mão esticada. Ofegante e com os olhos semicerrados, nem viu quando o acertei bem na cara. Cuspi. Aquele filha da puta iria tentar se livrar de mim assim que saíssemos dali. Como eu sabia? Apenas sabia. Joguei lá dentro aquele embrulho que esperava calmamente encostado à árvore. Comecei a cobrir com terra. Não tenho certeza se ele estava morto quando o fiz. Espero que sim.