sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Era o turno dele, esticou a mão pra mim e me ajudou a subir. "Só mais essa vez e acho que já dá." - falei.
Ele pulou no buraco e continuou a cavar. "Acho que um buraco tão fundo assim é exagero" - reclamou.
"Melhor prevenir que remediar" - eu sempre usava esse tipo de frase pra me livrar de discussões idiotas. Respiro fundo e olho ao redor, uma tarde tranquila naquelas montanhas afastadas, um ótimo dia para se livrar de alguns corpos inconvenientes. "Pronto."- falou alto e aliviado, com a respiração entrecortada. Entregou-me a pá e esperou com a mão esticada. Ofegante e com os olhos semicerrados, nem viu quando o acertei bem na cara. Cuspi. Aquele filha da puta iria tentar se livrar de mim assim que saíssemos dali. Como eu sabia? Apenas sabia. Joguei lá dentro aquele embrulho que esperava calmamente encostado à árvore. Comecei a cobrir com terra. Não tenho certeza se ele estava morto quando o fiz. Espero que sim.