Procuro-me no espelho, só vejo olhos desesperados
à beira
da loucura.
Vou para o quarto, abro a janela, sento da janela, me jogo pelo quarto, deito na cama, o tempo passa, levanto-me tonto, antes de perceber estou na escada; quando vejo, já desci.
Estou na varanda, sentado com uma vasilha de uva na mesa ao lado. Levanto-me, pego uma, ando pra lá e pra cá enquanto a tiro da casca direto na boca e cuspo as sementes no gramado. O mesmo com as três seguintes. A quinta engulo inteira. Faço isso a cada cinco, acabo por ir contando desse jeito quantas vou comendo. Paro e encaro a décima oitava. Pego a vasilha e desço para o gramado. Começo a arremessar, com toda força contra a parede, cada uva que pego. Elas estouram e se espalham. Sujam a grama. Deixo de estourá-las quando tem umas poucas sobrando. A décima oitava desce com casca mesmo. Largo as restantes pra lá. Sabia que iria engoli-las depois. Sabia que estariam podres antes.