Cacos de vidro pelo meu quarto. O prato simplesmente caiu quando eu o deixei no ar. Gravidade. Eu não estava bêbado na hora mas estou agora. Estava na metade do dia, ao menos dizem ser o meio; já passou quase toda a noite. Nada disso faz muito sentido, como todo o resto em minha cabeça, mas eu vejo, vejo sentido nisso e vejo através de muitas coisas, o que nunca me ajudou em nada.
As palavras são cadeias e correntes; cadeias de ideias, correntes em si.
Não me bastasse a idade na alma, ando com cheiro de velho. Rabugento
também, talvez. Bateram na porta. O frio e a decência me fazem vestir um
moletom antes de atender a porta. As pernas não importam muito, bom é
cobrir o peito. Porta errado, queriam o vizinho, entregar um fogão,
acho.
Horas, dias, ou qualquer unidade, talvez dualidade, de tempo depois me vejo andando por aí. Passei embaixo de todas as escadas possíveis, gatos pretos cruzaram
comigo na rua, não cruzei com nenhum. Nunca sei como deveria gastar meus
últimos dez reais. Nem meus primeiros. Mas sempre dou um jeito de não ter dinheiro. Às vezes pareço o mais miserável dentre os colegas, às vezes sou. Não sei medir minhas doses. Não sabia medir as palavras, por isso trago o sempre amargo ocluso gosto na boca e deixo que meus dedos digam os absurdos de minha mente, joguem o lixo fora por mim. Ou de, ou de. Daí eu decido ou faço terminal minha indecisão do que fazer.
Aqueles dias que acabam antes do meio-dia... Em que já se está bêbado e acabado pelo dia todo. Mas sou exagerado, ou insatisfeito; ou ainda, uma mistura bizarra dos dois. Saio de casa e me perco em becos, calçadas, casas que parecem bares, bares que parecem restaurantes, quem sabe alguma viela, em algum momento. Chove e a chuva entra em minhas roupas mas não em mim, nunca é o bastante nem pra me refrescar se correr. Copo após copo deixo minha mente mais distante do mundo. Mas ela continua presa a meu corpo, sinto ela pesando dentro de minha cabeça, largo o copo no lixo, está bom por hoje. Talvez eu tivesse percebido que dali pra frente eu não seria levado a lugar algum e talvez acordasse abraçado a uma privada pública. Saí de onde quer que eu estivesse, com acenos de cabeça para pessoas que pareciam me conhecer, mas evito sorrir, sem mais interações sociais por hoje, por favor. Desço a rua um pouco cambaleante mas a minha - embriagada - dignidade me mantém em pé e sobre passos que parecem retos. Entro num lugar que ainda estava aberto, ou já estava - não sei, não sei. Reúno alguma coisa mentalmente no tempo que a garçonete anda até mim. Pergunto sobre cafés, só expresso, qual, esse, pode ser, só um minutinho, obrigado. Penso em como chegar em casa, o café chega. Sem açúcar, ah... Ótimo, mas um pouco de coisa doce me cairia bem agora, o sachê tem a quantidade ideal, serviços bem feitos são reconfortantes, mas devem ter errado um pouco antes disso. Termino, pago, pego o caminho pra casa. Penso muito agora em como conseguir fazer coisas banais. Unidades de tempo depois estou escorregando na própria porta, batendo a cabeça contra ela e tendo dificuldades em abri-la. É engraçado como depois de buscar a embriaguez, procuro em cada canto a sobriedade.
Tomei um gole de água. Havia álcool do lado, mas tomei água. [...] Você
vê? Como não especifico. Um dia desses bebi bastante e bem rápido,
comecei a falar alto com umas pessoas que poderia considerar como meus
amigos, se eu soubesse fazer isso. O problema é que mesmo não querendo nomear, acabo por aprender. Whisky, cachaça, vinho, conhaque, cerveja, tequila, rum. Não faz muita diferença se beber o necessário. Percebo-me velho quando começo a criar maneiras de só tomar a mesma coisa. Não sei o que busco nos copos, de café, mas eu os bebo até meu corpo reclamar. Inspiração? Sossego? Concentração? Nah, nada disso. A famosa linha seguinte do velho maldito, talvez. O álcool é infinito para os teus propósitos.
domingo, 15 de dezembro de 2013
domingo, 17 de novembro de 2013
Uso a colher pra passar requeijão, com o garfo mexo meu leite, tempero o sal com medidas de faca, abro o pão com as mãos; quem vai me dizer que não?
Ando pelado e descalço, esqueço o almoço e não tenho nada pra jantar, encomendo lanche pra cinco e passo mal de comer, acordo com cachaça, durmo com café; quem vai me dizer que não?
Olho a rua pra atravessar exatamente quando vem carro, não ando de sapato, não tiro as meias, não tomo sol, não uso guarda-chuva, trago na bolsa o cantil, e no canto do bolso o que tragar; quem vai me dizer que não?
E na cidade, uma festa, um evento, uma peça de teatro, um protesto ao movimento, uma exposição, um show, um tumulto, uma enchente; ela vai?
Ando pelado e descalço, esqueço o almoço e não tenho nada pra jantar, encomendo lanche pra cinco e passo mal de comer, acordo com cachaça, durmo com café; quem vai me dizer que não?
Olho a rua pra atravessar exatamente quando vem carro, não ando de sapato, não tiro as meias, não tomo sol, não uso guarda-chuva, trago na bolsa o cantil, e no canto do bolso o que tragar; quem vai me dizer que não?
E na cidade, uma festa, um evento, uma peça de teatro, um protesto ao movimento, uma exposição, um show, um tumulto, uma enchente; ela vai?
terça-feira, 22 de outubro de 2013
Lembro-me dele andando pra lá e pra cá sorridente. Doente, diziam. Terminal, completava. Um desses flashes, muitos anos atrás, ouvindo a palavra pela primeira vez, minha mãe quem disse, foi dita em tom tristonho, aquele que aterroriza - "Os médicos disseram que é terminal.", "Terminal o quê?" - não captei o sentido naquela inocência e distração da infância, mas ainda assim senti a gravidade da fala. "Doente terminal significa que..." - nem ouvi o resto, entendi ali, compreendi naquele instante como as coisas eram frágeis e um medo estranho percorreu meu corpo; nada, não havia nada a ser feito. Enfim. Ele me cumprimentou e perguntou sobre minha família, eu disse que até o cachorro tinha se mandado, ele gargalhou e disse que dos piores eu era o melhor, eu disse que era o melhor dos piores mas que era ele quem estava certo, ele gargalhou mais ainda e bateu nas minhas costas dizendo "Você é uma figura, cara.". Fiquei sabendo depois que ele foi atropelado por um ônibus. Coitado. E nem era o que ele sempre pegava, tampouco estava no terminal.
_Fume.
_Não.
_Fume.
_Não.
_Fume.
Dou um chute em minha mente e a mando se foder. Não preciso dela querendo me foder, muito menos dizendo o que fazer. Sobre mim, seja feita minha vontade. Você tem que aprender a sobreviver independente do que sua mente diz e independente dela, em si. O que não é nada fácil, já adianto.
Mas se você não sabe o que isso significa, se minhas palavras não fazem o mínimo sentido pra você, se seus miolos não querem se espalhar pelo chão, fuja. Fuja, corra, se esconda. Poupe-se. Considere-se abençoado. E torça pra jamais, repito, jamais vir a saber... ou esbarrar comigo na rua.
Chegamos em casa, fodemos. Só fodemos, não nos beijamos. Ela me fodeu daquele jeito que só ela sabe, de que só ela é capaz. E eu a fodi com tudo que eu tinha. Fodemos até amanhecer, como em outras tantas vezes. Eu e minha mente. Um fodendo o outro. Parece um jogo sádico às vezes. Uma disputa particular e pessoal. "Ei, vamos ver quem se fode mais?" - mas antes de teu corpo falhar, tua mente já te matou.
_Não.
_Fume.
_Não.
_Fume.
Dou um chute em minha mente e a mando se foder. Não preciso dela querendo me foder, muito menos dizendo o que fazer. Sobre mim, seja feita minha vontade. Você tem que aprender a sobreviver independente do que sua mente diz e independente dela, em si. O que não é nada fácil, já adianto.
Mas se você não sabe o que isso significa, se minhas palavras não fazem o mínimo sentido pra você, se seus miolos não querem se espalhar pelo chão, fuja. Fuja, corra, se esconda. Poupe-se. Considere-se abençoado. E torça pra jamais, repito, jamais vir a saber... ou esbarrar comigo na rua.
Chegamos em casa, fodemos. Só fodemos, não nos beijamos. Ela me fodeu daquele jeito que só ela sabe, de que só ela é capaz. E eu a fodi com tudo que eu tinha. Fodemos até amanhecer, como em outras tantas vezes. Eu e minha mente. Um fodendo o outro. Parece um jogo sádico às vezes. Uma disputa particular e pessoal. "Ei, vamos ver quem se fode mais?" - mas antes de teu corpo falhar, tua mente já te matou.
Não se engane, criança. Não há fúria na natureza. Há fúria nas tempestades. Há fúria nos animais. Raiva é uma coisa do coração. Ira é uma coisa da mente. Fúria é uma coisa da alma. Assim fica vago, não é? Vejamos se sei explicar... Raiva é induzida, criada, alimentada, cuidada, contida - talvez. Raiva você guarda ou se livra, gasta ou nem tem; já tive, acho. Ira é um comportamento escolhido, um modo de agir, você escolhe ser ou é naturalmente irado, algo próximo a (ser) cruel - não sei se as palavras são fiéis às minhas ideias. E se traduzirem corretamente, quem garante a interpretação? Não há garantias na natureza. A (i)lógica é mais sutil que isso. Então, enfim, pois bem, fúria. A fúria só acaba com o ocaso da alma, o crepúsculo do brilho de teus olhos. Ela devora. Consome, jamais consumida. É a verdadeira chama. Da fúria de tua alma deriva a paixão, e tudo mais disso que me foge o nome agora mas ainda te digo numa outra hora. Hm? O ódio? O ódio é outra coisa.
O telefone tocou.
_Você sumiu...
_Ando ocupado.
_Com o quê?
_Construindo, arquitetando...
_Planos?
_Não, lugares mesmo.
_Sério!?
_É.
_Onde?!
_Na minha mente.
_Ah... Hahaha. Um lugar tranquilo para morar?
_Exato.
_Expulsar os demônios da casa?
_Muito pelo contrário, vou fazer salas pra eles, assim saberei onde estão - ou, ao menos, onde deveriam estar.
_Hm...
_E muitas outras salas também, mas não sei se vai ser um corredor cheio de portas. Ou mais aberto. Ou se será mesmo uniforme. Talvez algo que mude constantemente. Um padrão caótico, combina comigo.O que preciso é que ela seja mais acolhedora e menos inimiga. O que acha?
_Legal.
_É, legal.
_Você sumiu...
_Ando ocupado.
_Com o quê?
_Construindo, arquitetando...
_Planos?
_Não, lugares mesmo.
_Sério!?
_É.
_Onde?!
_Na minha mente.
_Ah... Hahaha. Um lugar tranquilo para morar?
_Exato.
_Expulsar os demônios da casa?
_Muito pelo contrário, vou fazer salas pra eles, assim saberei onde estão - ou, ao menos, onde deveriam estar.
_Hm...
_E muitas outras salas também, mas não sei se vai ser um corredor cheio de portas. Ou mais aberto. Ou se será mesmo uniforme. Talvez algo que mude constantemente. Um padrão caótico, combina comigo.O que preciso é que ela seja mais acolhedora e menos inimiga. O que acha?
_Legal.
_É, legal.
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
O teto ameça desabar. O problema é que ele só ameça. A noite se arrasta e os sons vão silenciando, exceto na cabeça. Ela lateja e explode algumas vezes. Droga, hoje era um dia para dormir cedo. E antes de resolver me levantar, se passam quase duas horas. A cama me rejeita, o sono me expulsa. Penso em xingá-los, mas me levo pelos pés até a cozinha. Ah! Tinha me esquecido... Álcool. Um gole na garrafa de cachaça e ela quase não volta, essa é das boas. Eu particularmente adoro cachaça, é tão simples e tão eficiente... Esqueçam os whiskies, os vinhos e o que mais for. Melhor custo-malefício é o da cachaça. Venham, venham, aproximem-se, que eu não aguento tomar essa garrafa inteira, admito. Por mais que o espírito queira, o corpo não dá conta. Mas ela parece ter me acordado, não nublado meus sentidos como eu gostaria... Quero dormir. Sair desse mundo. Nem preciso sonhar. Por muitos anos, fechar os olhos era se entregar à escuridão, pura. Não havia nada, nada. Provavelmente vou virar a noite e ficar tendo tiques durante o dia, observando detalhes demais, o caminho das formigas, o detalhe rachado no azulejo, os grãos fora do lugar, os nervos das folhas das árvores... Maldição. Não devo ter bebido o suficiente.
terça-feira, 27 de agosto de 2013
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
_Olha isso! - Dizem em uníssono.
Um me cutuca com o cotovelo e fala - Manja ali.
_Tenho coisas melhores pra fazer que ficar olhando bunda de mulher.
_Viado. - me diz um segundo.
Fez um barulho engraçado meu punho contra seu nariz.
Dos outros, três vieram me segurar e um foi socorrê-lo; me soltaram tão logo viram que eu não resistia.
Do chão, do sangue e da mão, gritou: - Retardado!
_Sim.
Eu disse e fiquei fitando aqueles olhos que foram de raiva e indignação a descrença e medo.
_Hmpf. - Virei as costas e saí de lá acendendo um cigarro. Eles passariam a me evitar de agora em diante e, com sorte, me evitariam pra sempre.
Um me cutuca com o cotovelo e fala - Manja ali.
_Tenho coisas melhores pra fazer que ficar olhando bunda de mulher.
_Viado. - me diz um segundo.
Fez um barulho engraçado meu punho contra seu nariz.
Dos outros, três vieram me segurar e um foi socorrê-lo; me soltaram tão logo viram que eu não resistia.
Do chão, do sangue e da mão, gritou: - Retardado!
_Sim.
Eu disse e fiquei fitando aqueles olhos que foram de raiva e indignação a descrença e medo.
_Hmpf. - Virei as costas e saí de lá acendendo um cigarro. Eles passariam a me evitar de agora em diante e, com sorte, me evitariam pra sempre.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Sabe? Quando chega a madrugada avançando ferozmente o relógio? Só se dar conta que teus olhos não se fecharam e que não dormiu por volta das três. Eu particularmente gosto desse horário. Ele me parece ser o horário mais quieto possível. Os barulhos se prendem naquelas grandes caixas que as pessoas entram e saem vomitando, e o resto está dormindo. Enfim, sempre gostei da minha inteligência, mas ela se curva perante minha loucura. Numa metáfora simples, minha inteligência é minha princesa e minha loucura, meu castelo. Castelo dá uma ideia de proteção, não é? Veja bem, eu diria que minha loucura é o bobo da corte, mas é ela quem me faz de bobo. Ela é todas essas paredes, todas as portas, todos os corredores. Ela quem me protege e quem quer desabar sobre minha cabeça. Essas pedras querem me devorar. Elas se estreitam, se deformam, me conduzem por caminhos oblíquos, distorcem minha verdade. Ela me afasta de minha princesa e às vezes nos une em uma sala só pra nós. Eu... Eu confesso que Hahaha. Ela me faz sorrir para o sol, apreciar realmente os (poucos) momentos de paz. Eu provavelmente pareço calmo. Estou começando a ter tiques... E o relógio me completa com os taques.
Saio desse castelo prum mundo lindo e doente.
Saio desse castelo prum mundo lindo e doente.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Cheguei em casa do mesmo jeito de sempre, fazendo o mínimo de barulho em algum horário entre duas e quatro da manhã. Chamar de casa é um pouco de exagero, ou só costume... Enfim, era um bom apartamento que eu deveria manter por mais alguns meses. Tranquei a porta e larguei minhas coisas numa cadeira. Fui logo puxar as persianas e abrir a janela. Parei ali de braços cruzados fitando a noite. Foi por causa dessa janela que escolhi aquele apartamento. Grande o suficiente para se jogar uma cama por ela, ou cair direto lá embaixo de um beliche. Minha cama repousava tranquilamente abaixo da janela, de qualquer jeito.
Fui à cozinha e peguei algo para beber na geladeira. Eu gostava dessas garrafas mas gostava mais delas vazias. Sentei-me na cama e me recostei contra a parede - eu bebia ora em generosos goles, ora apenas molhando a boca pensativo - até começar a pensar mais que beber e resolver acabar logo com a garrafa. Vazia.
Deitei-me. Percebi como tudo estava dolorido assim que ajeitei meu corpo, eu sempre tenho a impressão que o forço além do que ele aguenta... Não que eu me importe, mas sei que um dia ele para de responder. Respirei fundo. Eu admirava aquele céu apesar dele estar num tom cinza denso (mas não me pareceu ser denso demais). Estiquei meus braços, me espreguiçando, e minhas mãos esbarraram num isqueiro e num maço de cigarros amassados (colocados ali propositalmente momentos antes), os trouxe para perto de mim e passei um tempo só segurando aquilo.
Acendi um. O vento não ajudou mas não fora algo difícil. Era como respirar normalmente, ou eu realmente me tranquilizei depois da primeira tragada? Seja como for, fiquei aquele tempo só relaxando. Não me deixando pensar. Encarando aquele céu cinza. Quando o cigarro já estava pequeno o suficiente para esquentar a ponta de meus dedos, pensei em apagá-lo na minha mão. "Por que não?", não é? Na verdade, gosto demais das minhas mãos para fazer isso. Apaguei-o no pulso.
Não que eu não goste do meu pulso. Mas o tédio(?) fala mais alto. Doeu um pouco mais do que eu esperava. Passou bem mais rápido do que eu esperava. Pff. Acho que dormi. O céu já clareava e o cobertor estava sobre mim, provavelmente o puxei durante a noite. Adoro o frio daqui mas aquele vento incessante deve ter sido demais. Ao menos meu subconsciente tem mais consciência que eu.
Fui à cozinha e peguei algo para beber na geladeira. Eu gostava dessas garrafas mas gostava mais delas vazias. Sentei-me na cama e me recostei contra a parede - eu bebia ora em generosos goles, ora apenas molhando a boca pensativo - até começar a pensar mais que beber e resolver acabar logo com a garrafa. Vazia.
Deitei-me. Percebi como tudo estava dolorido assim que ajeitei meu corpo, eu sempre tenho a impressão que o forço além do que ele aguenta... Não que eu me importe, mas sei que um dia ele para de responder. Respirei fundo. Eu admirava aquele céu apesar dele estar num tom cinza denso (mas não me pareceu ser denso demais). Estiquei meus braços, me espreguiçando, e minhas mãos esbarraram num isqueiro e num maço de cigarros amassados (colocados ali propositalmente momentos antes), os trouxe para perto de mim e passei um tempo só segurando aquilo.
Acendi um. O vento não ajudou mas não fora algo difícil. Era como respirar normalmente, ou eu realmente me tranquilizei depois da primeira tragada? Seja como for, fiquei aquele tempo só relaxando. Não me deixando pensar. Encarando aquele céu cinza. Quando o cigarro já estava pequeno o suficiente para esquentar a ponta de meus dedos, pensei em apagá-lo na minha mão. "Por que não?", não é? Na verdade, gosto demais das minhas mãos para fazer isso. Apaguei-o no pulso.
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