terça-feira, 22 de outubro de 2013
Não se engane, criança. Não há fúria na natureza. Há fúria nas tempestades. Há fúria nos animais. Raiva é uma coisa do coração. Ira é uma coisa da mente. Fúria é uma coisa da alma. Assim fica vago, não é? Vejamos se sei explicar... Raiva é induzida, criada, alimentada, cuidada, contida - talvez. Raiva você guarda ou se livra, gasta ou nem tem; já tive, acho. Ira é um comportamento escolhido, um modo de agir, você escolhe ser ou é naturalmente irado, algo próximo a (ser) cruel - não sei se as palavras são fiéis às minhas ideias. E se traduzirem corretamente, quem garante a interpretação? Não há garantias na natureza. A (i)lógica é mais sutil que isso. Então, enfim, pois bem, fúria. A fúria só acaba com o ocaso da alma, o crepúsculo do brilho de teus olhos. Ela devora. Consome, jamais consumida. É a verdadeira chama. Da fúria de tua alma deriva a paixão, e tudo mais disso que me foge o nome agora mas ainda te digo numa outra hora. Hm? O ódio? O ódio é outra coisa.