sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O teto ameça desabar. O problema é que ele só ameça. A noite se arrasta e os sons vão silenciando, exceto na cabeça. Ela lateja e explode algumas vezes. Droga, hoje era um dia para dormir cedo. E antes de resolver me levantar, se passam quase duas horas. A cama me rejeita, o sono me expulsa. Penso em xingá-los, mas me levo pelos pés até a cozinha. Ah! Tinha me esquecido... Álcool. Um gole na garrafa de cachaça e ela quase não volta, essa é das boas. Eu particularmente adoro cachaça, é tão simples e tão eficiente... Esqueçam os whiskies, os vinhos e o que mais for. Melhor custo-malefício é o da cachaça. Venham, venham, aproximem-se, que eu não aguento tomar essa garrafa inteira, admito. Por mais que o espírito queira, o corpo não dá conta. Mas ela parece ter me acordado, não nublado meus sentidos como eu gostaria... Quero dormir. Sair desse mundo. Nem preciso sonhar. Por muitos anos, fechar os olhos era se entregar à escuridão, pura. Não havia nada, nada. Provavelmente vou virar a noite e ficar tendo tiques durante o dia, observando detalhes demais, o caminho das formigas, o detalhe rachado no azulejo, os grãos fora do lugar, os nervos das folhas das árvores... Maldição. Não devo ter bebido o suficiente.