Uso a colher pra passar requeijão, com o garfo mexo meu leite, tempero o sal com medidas de faca, abro o pão com as mãos; quem vai me dizer que não?
Ando pelado e descalço, esqueço o almoço e não tenho nada pra jantar, encomendo lanche pra cinco e passo mal de comer, acordo com cachaça, durmo com café; quem vai me dizer que não?
Olho a rua pra atravessar exatamente quando vem carro, não ando de sapato, não tiro as meias, não tomo sol, não uso guarda-chuva, trago na bolsa o cantil, e no canto do bolso o que tragar; quem vai me dizer que não?
E na cidade, uma festa, um evento, uma peça de teatro, um protesto ao movimento, uma exposição, um show, um tumulto, uma enchente; ela vai?