Acordo às dez nessa sexta-feira. A desculpa? Feriado.
É tudo tão insípido; então vou atrás das `saborosas bebidas que compro`, afundo meu salário ali. Vale cada amaldiçoado centavo.
Estômago vazio, sobe rápido. Penso no circo semanal, na palhaçada que são os outros, também sou palhaço.
Tenho o quarto todo pra mim. Tenho a casa toda pra mim.
Tenho o prédio todo pra mim. Tenho o bairro todo pra mim.
De uma forma bizarra, todos os vizinhos saem para serem recebidos e não recebem em seu lar. Fica tudo tão quieto, o vento sopra devagar; o trem apita longe; o sol aquece de mansinho.
Mas fico sentado na sombra, caneta, papel e garrafa.
Tenho uma tristeza intrínseca. Tenho um ódio enraizado. Se tivesse eu uma cabeça boa, resolveria isso tudo fácil. Motivo não vejo, vontade não tenho; o dia passa lento, os livros acumulam poeira. Adotei uma doença de escrever e não ler.