segunda-feira, 26 de junho de 2017
É madrugada. Encontro-me na rua, admirando o céu. Tonalidades de um azul profundo se entrelaçam, em partes pintadas com traços de nuvem e em outras recortes esculpidos com destreza dando espaço para as estrelas brilharem com suavidade. A lua se recolhera hoje deixando que tudo mais ganhe sua parcela de contemplação e suspiros. O silêncio flui junto ao vento, leve e sereno, indicando em seu movimento dançante que estará mais belo a cada segundo, a cada apreciação. As estrelas brilham em igual, respiro o tanto que a noite me pede, não ousaria fazer diferente, seu perfume vindo a mim no farfalhar gentil de pequenas folhas. Acaricia meu rosto com a ponta macia de dedos longos e conhecedores, sorrio de volta. Sentiria o medo crescente das coisas frágeis não estivesse preparado, é claro que o silêncio cresceria como um manto ao meu redor, como um lindo vidro que eu pudesse tocar e que certamente quebrariam; mesmo sabendo disso, não temi de antecipação, não receei por momento algum, não que eu estivesse pronto para bater de peito com a sensação e a dor dos estilhaços de silêncio sendo rasgados, estava apenas ciente disso tudo em uma parte distante da minha mente enquanto me concentrava em observar e absorver aquele momento.