domingo, 23 de junho de 2019

Este é um texto de fúria. Esta é uma vida de fúria.

Se andei até minhas pernas não aguentarem, andarei até escorregar no sangue de meus pés.
Quando cair ao chão me arrastarei puxado por meus braços até asfalto, terra e sangue serem a mesma mistura. Se andarei em vão, que ande sobre meu sangue. Se viverei em vão, que viva em minha fúria.

Arrastaria apoiando meu queixo no asfalto até ele escorregar em sangue
até meu caminho ser todo de sangue
e quando me virar para fitar o céu no seu azul manso ou profundo
que venham os abutres me bicar, os devorarei e me banharei em seu sangue imundo
haverá uma pilha de abutres comendo abutres antes que eu seja a próxima refeição