sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Morderia minha mão inteira, não me permitiria divertir
O que aconteceu nesse meio do caminho do que chamamos vida?
Era já há muito dominado pela fúria, uma constante em todo meu tempo. Mas não ter nada além disso é algo novo em que me peguei no meio, e me peguei não gostando.
É como queimar o tempo todo.
Qual o valor do fogo quando se está o tempo todo em chamas?
Chegarei onde quero, eu e minhas cinzas, nada valerá a pena assim.

Os cabelos de ilusão, a barba de tristeza.
Por fazer, a fazer, aparada cresce a barba de fúria
deformando meu rosto
Toda essa fúria e a morte interna
A morte que vomito, escarrar é solta-la ao mundo
Oco, a cotovelada no rosto faz um barulho oco quando se arrebenta contra meu nariz

Minha cabeça já não me roda mais
Tenho os pés firmes, as pernas fortes, quase tudo de pedra
quase não mexo, quase me divirto, quase não danço
comovo-me mas quase não aparento,
Em que momento me tornei essa crosta de pedra com fogo dentro?

Apagarei? Romperei? Ou me quebrarei de uma forma estranha e amena?
Cresça a árvore em mim, com raízes em chama e folhas de rocha.
O tronco firme e os galhos flexíveis.
Planta em erupção na erosão do meu ser.
Madeira vermelha petrificada.
Lume em lenha viva.
A necessidade de renascer, torto a qualquer preço.
A dualidade de querer ver tudo florescer e queimar.
Querer se acabar em um instante e perdurar a ver findar lentamente as coisas.
O desespero de nunca parar de andar.