quarta-feira, 11 de março de 2020

As linhas ruivas, as linhas púrpuras, as linhas vermelhas, as linhas rosadas, as linhas de pele desbotada. Tenho todas. Se misturam todas. Linhas pratas só existem em livros.
Cicatrizes sobre cicatrizes. Parei de entender as coisas há muito. Restam as sensações e a lenta desconexão. Como uma flor e as pétalas arrancadas lentas. Como os grãos de areia fogem nas frestas de sua ampulheta.
Uma concha mais cheia do lado de fora
Tudo ecoa aqui
O sol para por sobre a pele, nos cacos restantes a luz se distorce e contorce e se prende
Os sentidos se prendem atrás de um vidro espesso e embaçado
Ouço algumas coisas, mas distante
Passos firmes em direções vacilantes
Não dá pra não usar os mesmos pés que si mesmo
Onde caminhar estará
E todos seus pedaços fragmentados
E todos seus remendos costurados
Lutados entre si na briga vã
Colapso de todas suas paredes
Aceitar o desmanche, aceitar a queda
Qual o nome dado a tua espiral?
Qual o carinho com teus tormentos?
Enterrastes todos os cacos para se quebrar mais
Os dias se aglutinam de uma forma estranha
Como os números dos dias significarão algo se os das horas não significam?

Se esvai em pequenas tosses as grandes vontades