terça-feira, 9 de março de 2021

O brinquedo velho e surrado, largado ao canto com suas memórias e retalhos. Vieste, usaste, foste. Tão rápido quanto um vendaval, não arrancou e arrastou o mundo em furacão, mas maculou essa terra como chuva sem fim erodindo seu caminho chão a dentro, marcando pra sempre sua passagem e deixando seus contornos. Há um despreparo no amanhecer, um desmanchar dos sonhos inesperado, um quebrar da realidade. A maciez de seu travesseiro se transforma em pedra que pesa a cabeça pelo lado de fora, sua manta vira lixa a raspar todo corpo a se sentir inadequado mesmo em si. Existem coisas que devem permanecer na escuridão da madrugada, existem olhares que precisam ser esquecidos com a passagem da aurora.