Não precisaria dizer, mas posso; o Tempo andou mexendo com a gente, sim. Sonho e escrevo em letras grande de novo, de alguma forma.
A coleção de cicatrizes cresce sem querer, lenta e naturalmente, sem mais ser apressada por qualquer motivo. Tenho ainda essa pressa de viver e terei até não mais estar aqui. Talvez crie raízes e dê frutos, proibidos ou não, coisa de anjo rebelde.
Ecoam em mim sussurros do passado, que não me cabe mais ouvir. Permanecem todas aqui, como a Fúria, a Angústia, o Desespero; a Melancolia vai e vem, o medo ficou pequeno - não mais o tenho - de fato uma pancada inesperada me estilhaçando bem mais do que possível achava, mais do que já fôra, uma certa resistência advinda de tão pequenos pedaços; Saudade que não me permito sentir, o incrível vazio de quem nunca esteve aqui; reouvera a Força por mim mesmo, antes um sol forte que brilhava sem pedir, hoje uma fornaça ardendo por pura obstinação. Minha Espiral me dá voltas sem me dar nós, me gira quase a vomitar sem que saiamos do lugar, me projeta sem arremessar; ser somente o arremesso.
Não somos e nem seremos nada, perdidos no mundo. Desperdiçados como tudo de fato o é. Nunca novamente sonhados.