não tenho as tristezas do mundo, mal me cabem as minhas, meio torto, desregulado, quase a verter afora de mim; nunca medi alegria, quando alegre apenas estou, proveitoso enquanto dura, uma vez passado passou; mas triste meço, estimando em palmos pelo olhar a se perder no horizonte, supondo pelas nuvens e montanhas uma unidade que faça sentido, calculando que houvesse trena capaz - mediria quanto? - comparo também, o abismo sentido parece tão infinito e a causa tão ínfima, existem mais miseráveis, há melhor abastados, não parece caber no mundo minha trôpega angústia, algo sem espaço perante a fome, bobo pra quem não sente, se torna angústia de sentir angústia que não deveria sentir
se deforma além do que se é e aquém do que se almeja, em um quase nó de si próprio, como uma coisa a se virar do avesso e se contorcer ao avesso e se retorcer averso ao reflexo, perdidas as referências, um ponto de fuga mal desenhado, engolfando tudo em movimentos circulares, um redemoinho em minhas entranhas, nunca minha pequena obsessão, tão somente minha natureza; reverberando em minha pele meu âmago, uma espiral em minhas costas